segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Silêncio: o porteiro da vida interior

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É necessário escutar bem para falar bem e na hora certa

Muito me incomoda, em nossos tempos modernos, o barulho generalizado, ou seja, a falta de silêncio interior e exterior também para podermos rezar, tomar decisões, escutar a Deus, a si mesmo e aos outros. Outro dia fui ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e li numa das colunas internas do santuário o apelo: "Silêncio é também oração!" Parece que diante de tudo que a gente vive é necessário falar o tempo todo, pouco se faz silêncio, um dos motivos, penso eu, é que, na verdade, nós temos medo do que vamos ouvir, por isso, o silêncio nos incomoda tanto.

É verdade que o silêncio é imprescindível para rezar, mas não só para isso. Para qualquer diálogo é preciso escutar, calar e ouvir o outro. Nós aprendemos a falar porque escutamos nossos pais e irmãos falando e começamos a dizer as primeiras palavras. É necessário escutar bem para falar bem e na hora certa. É necessário ouvir para aprender. Silenciar para se ter coragem para reconhecer o homem interior. É uma viagem tão pequena a que se faz da mente ao coração, mas nós temos um medo muito grande de realizá-la, porque não sabemos o que vamos encontrar. Muitas vezes, porque o sabemos não temos coragem de nos recolher no coração e deparar com alguns monstros bem conhecidos.

Existem alguns níveis de silêncio que fogem, muitas vezes, do padrão, pois esse estado não é somente ausência de barulho.

É verdade que o primeiro nível de silêncio é o exterior, que pode incomodar muito e interferir em nossa vida e em nossa saúde. “Sem recolhimento não há profundidade” e vivemos na superficialidade, fazendo muito barulho para não escutar os gritos do nosso interior. Exemplo disso é o barulho das grandes cidades, que hoje é um problema de saúde pública; por essa razão, há muitas famílias procurando residências afastadas dos grandes centros e se mudando para sítios e cidades menores. A necessidade do silêncio para descansar o corpo e a alma.

O silêncio interior é, antes de tudo, o mais necessário e imprescindível para o ser humano, para o seu equilíbrio, para discernir e tomar decisões, para ouvir a sua consciência. Mesmo porque haverá momentos em que, mesmo em meio a muitas pessoas conversando, trabalhando ou até se divertindo, isso não vai nos incomodar porque há silêncio interior dentro de nós. Por isso, a ausência de barulho interior, de agitação, de nervosismo e de distração é essencial para a vida de todo ser humano.

Este estado de espírito se desenvolve em nós quando construímos e temos a PAZ. Esta paz não é somente ausência de guerra, de confusão, de brigas; ela provém de um caminho de maturidade e equilíbrio que vamos fazendo em nossa vida, de escolhas, de pessoas que caminham conosco, pois o grupo ao qual nos associamos pode nos tirar ou nos dar a paz, e isso influencia diretamente em nosso interior, no silêncio ou no barulho e confusão que transmitimos. Daí nós nos tornamos promotores da paz ou da confusão, do silêncio ou do barulho.

"Shalom" é o nome da paz do Ressuscitado, uma PAZ completa que atinge o corpo e a alma de cada homem e mulher, que ultrapassa as condições externas e nasce de uma experiência interior, de uma coragem de encarar a vida e de escutar as vozes de dentro e de fora. Jesus disse para os discípulos, com medo e escondidos: “Deixo-vos a Paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (cf. João14, 27). Quando Deus visita o interior de nosso coração nasce a Paz, o SILÊNCIO e a Coragem.

Por isso, silêncio não é somente uma questão de "PSIU"! E como é chato ter a necessidade de fazer ou ver e ouvir alguém colocando o dedo indicador na boca e fazendo esse barulho "PSIU", que mais irrita do que resolve. O que resolve, na verdade, é a Paz, o "Shalom", que é a mãe do silêncio interior a transbordar para nossa vida exterior. Desejo para você a Paz, para que possa ter o silêncio e as condições para decidir e viver melhor a vida! Se o silêncio é o porteiro da vida interior, façamos, com coragem, essa viagem preciosa ao mundo desconhecido de nossa alma: nossa consciência e você verá que a conhecendo encontrará mais surpresas agradáveis.

Convido a rezar comigo essa oração a Virgem Mãe do Silêncio:

Oração: Virgem do Silêncio, Tu que ouve nossas vozes, ainda que não falemos, pois compreende no movimento de nossas mãos a linguagem de nossos corações. Não te pedimos Senhora, que nos dê a voz e o ouvido para nossos corpos, mas sim que nos conceda entender a Palavra do teu Filho e o discernimento dos espíritos. Chegar a Ele com amor para salvação de nossas almas.

Queremos amar nosso silêncio para evitar a calunia, o ódio e o pecado, e calando dar testemunho de nossa fé. Queremos oferecer-te o silêncio no qual vivemos para que todos te chamemos de Mãe e sejamos verdadeiros irmãos, sem ódios, nem rancores, como filhos teus. Pedimos que traduza nosso arrependimento, nossas palavras quando não conseguimos expressar diante do teu Filho, na hora das decisões, da morte, para que na outra vida, possamos ouvir e falar cantando tua louvação por toda a eternidade. Amém

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“Sua mãe [Santíssima Virgem Maria] guardava todas estas coisas no coração” (Lucas 2,51).

Minha bênção fraterna+

Fonte:

Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova
http://blog.cancaonova.com/padreluizinho/

quarta-feira, 5 de maio de 2010

CONFIRMAÇÃO

O SENHOR ACABOU DE ME CONFIRMAR NESTE EXATO MOMENTO O POST ABAIXO : “A QUESTÃO DO PERDÃO.”

PRECISAVA DIZER ISSO PARA SABEREM QUE NÃO VEIO SOMENTE DE MINHA HUMANIDADE.

GRATA,

DEUS ABENÇÕE A TODOS.

sábado, 1 de maio de 2010

A questão do perdão

Difícil entender, compreender e lidar com a questão do perdão.

A Bíblia diz que quem ama mais perdoa mais ou quem perdoa mais ama mais.

Cada ser humano é um ser único, complexo, diferente de todos os outros. E a minha vivência me ensina que isso é algo rico, pois nas diferenças, embora muitas vezes não consigamos perceber, podemos construir muitas coisas boas, com o somatório das “boas diferenças”.

No entanto, cada um tem seu tempo de lidar com cada acontecimento em suas vidas. Cada ser humano tem seu ritmo, seu limite, seu passo a passo. E não podemos nós, que estamos totalmente fora da situação querer apressar o rumo dos acontecimentos. “Existe tempo para cada propósito abaixo do céu”. Existe o nosso tempo e o tempo de Deus – KAIRÓS. Se entregamos os acontecimentos de nossas vidas ao nosso tempo (ou ao tempo do mundo), estes se desenvolverão de uma forma. Por outro lado, se os entregarmos a Deus, tudo se desenvolverá da forma que Ele quer, na hora que Ele quer. Não podemos apressar o ritmo das coisas. Somente o Soberano mantém o controle da situação de forma satisfatória. Somente Ele é o Senhor de nossas vidas e o Único que nos pode conceder os dons espirituais necessários a realização das atividades de nossas vidas e ao nosso crescimento espiritual e pessoal.

O ato  do perdoar está ligado à questão espiritual e não humana. Somos humanos demais para entender e querer resolver assuntos deste tipo com nosso próprio entendimento, dizendo o que o outro deve ou tem que fazer ou se comportar para perdoar ou ser perdoado. Somos humanos demais para querer ser exemplo, quando deixamos a questão espiritual a parte. É o Espírito Santo que nos dá sabedoria, discernimento, bom conselho, temor de Deus e todos os dons necessários a nossa vivência plena no colo de Jesus, estando no mundo, mas não pertencendo a ele.

Ninguém pode chegar e dizer: “Vai lá, dê o primeiro passo, fale com a pessoa, peça perdão. Esse é o dever do Cristão.” Principalmente quando se está fora da situação. Adianta alguma coisa pedir perdão se não perdoou? Ou, por quê pedir perdão, se quem foi ofendido ou denegrido foi um de  nós? Precisamos necessariamente ficar andando atrás de quem nos fez ou nos faz mal? Mais: de quem deseja o nosso mal triunfo? Precisamos necessariamente voltar a falar com alguém que não falamos quando esta atitude é meramente humana? Não somos santos. Porém, buscamos a santidade, a conversão de forma diária e até o último minuto de nossas vidas. Ninguém pode dizer: “Estou convertido!” Pois é uma atividade pra vida toda. Assim sendo, acredito eu que o ato de perdoar, que sei é um dos atos mais difíceis para a maioria dos cristãos é uma conversão, é uma atividade que envolve muitas coisas, dentre elas, a oração – a mais importante de todas. A oração pela conversão da pessoa e pela continuidade da nossa, se estamos neste caminho. A mesma exige paciência, reflexão, renúncias, penitências. Porém, se chegamos a grandeza de perdoar, se for esta a questão, isto não significa que precisamos necessariamente ficar grudados na pessoa ou voltar a falar com ela.

Por exemplo: Eu posso perdoar a pessoa, mas posso não querer voltar a falar com ela, porque pode envolver a questão da confiança abalada ou acabada, a qual não é impossível de ser recuperada, mas dificílima. O Senhor diz: “Põe sua confiança em mim e não no homem”. Eu posso também não perdoar a pessoa e continuar a falar com ela! O que é mais salutar para o espírito?

Perdoar não é voltar a falar com a pessoa que tivemos o desentendimento. Repito, uma pessoa pode voltar a falar com alguém e não ter perdoado, como pode não querer falar mais (a confiança foi quebrada) e perdoar!

O perdão tem a ver com o espiritual e não com a nossa humanidade, nosso modo de agir humanamente e somente.

Outro exemplo: se uma pessoa mata um filho de alguém, o fato do pai perdoar o assassino não quer dizer que este possa se livrar da prisão! Nem obriga o pai a conviver com o assassino! Perdão envolve o espiritual!

Se a confiança é quebrada esta não pode ser restabelecida de uma hora para outra, esta tem que ser reconquistada! Embora eu sei e creio que para Deus nada é impossível, acho dificílimo restabelecer uma confiança quebrada.

Outro ponto: o Senhor diz ao apóstolos: “Vá pelas cidades e não levem nem bolsa, nem chinelos, nem duas túnicas. Não aceitem dinheiro pelo caminho. Quando chegarem a uma casa, digam PAZ A ESTA CASA. Se aceitarem, entrem, comam e bebam o que lhes oferecerem. Se não aceitarem, saiam dalí e sacudam a poeira dos pés. E a Paz voltará a vocês.”

Mas o que este ensinamento tem a ver com o tema ora abordado?

Quero dizer que desejo o bem a quem me fez ou me deseja mal e se esta pessoa não aceitar, voltará para mim todo o bem desejado. Porém, não irei ficar correndo atrás dessa pessoa e não sou obrigada a conviver com ela, ficar de papinho como se nada tivesse acontecido. Eu irei procurar fazer o bem a quem aceitar. Porém, como eu creio no poder da oração, jamais deixarei de pedir a conversão desta pessoa.

Gostaria de terminar, dizendo que procuramos ser humildes em nossos posts, pois temos muito a aprender. Porém, os membros deste blog são pessoas que buscam a conversão diária, através do Cristo e de seus ensinamentos e através de estudos que nos são fornecidos ou que buscamos através de variadas fontes e de nossa vivência diária.

Portanto, não aceitamos que nos digam que o que escrevemos aqui não condiz com nossa vivência diária, principalmente se não nos conhecem ou não conhecem nosso modo de vida, nossa espiritualidade e nosso convívio com Deus, que é o Único que nos sonda e nos conhece. Jamais publicaríamos algo que não condiz com nossa realidade, pois apesar de sermos humanos demais para compreender e entender muitas coisas sobrenaturais,  estamos no colo de Jesus e Ele nos diz o que devemos fazer e dizer ao seu tempo e não no nosso. Seguimos o Cristo e não os homens.

Porém, estamos sempre abertos a questionamentos sobre o assunto publicado, desde que não denigram a imagem dos autores do blog, virtualmente ou pessoalmente.

Obrigada.